APTA alerta para necessidades de fêmeas em lactação, animais jovens de alto potencialgenético em fase de crescimento ou animais jovens em regime de engorda para o abate.
Os criadores de ovinos e bovinos já estão acostumados a fazer a suplementação alimentar dos animais anualmente. O que eles não esperavam é que a dieta precisaria ser enriquecida em junho e julho, e não em agosto, como comumente acontece. A antecipação da alimentação suplementar dos animais ocorreu devido à estiagem que atinge diversas regiões brasileiras. De acordo com Gabriela Aferri, pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), houve elevação de 30% na demanda por dias de alimentação de maior custo aos animais. Todos os anos, o produtor de ovinos e bovinos precisa preparar a alimentação animal para o inverno, época em que o capim, por falta de sol e chuva, deixa de crescer.
Com a oferta em baixa, o produtor precisa inserir outros suprimentos na dieta animal, como feno, silagem ou cana-de-açúcar. “Acreditar que a suplementação alimentar não será necessária em nenhum período do ano é iludir-se e correr atrás do prejuízo depois. Quem não se prepara para a época de inverno e primavera, sempre tem prejuízos. Neste ano, pela irregularidade das chuvas, a falta de pastagem começou mais cedo”, afirma a pesquisadora da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A suplementação de pastagem é necessária para animais com maior exigência de nutrientes, como fêmeas em lactação, animais jovens de alto potencial genético em fase de crescimento ou animais jovens em regime de engorda para o abate. “Quando utilizamos forrageiras de melhor valor nutricional associada à adubação eficiente, produzimos, de forma mais barata, um alimento de valor nutricional adequado. Esta situação, porém, não se manterá o ano todo, porque os fatores ambientais e fisiológicos da planta se alteram, levando à diminuição da produção e do valor nutricional das forrageiras”, diz. No caso das ovelhas adultas, por exemplo, são necessários de quatro a cinco quilos de alimentos, por dia. A função dessa suplementação é manter os animais em boa condição corporal.
De acordo com Gabriela, a escala visual de condição corporal dos animais têm cinco graus, do número 1, muito magro, ao 5, muito gordo. “É desejável que a condição corporal fique entre 3 e 4. Se aparecer a condição 2, a luz de alerta se acende. É problema à vista”, explica a pesquisadora da APTA. Segundo Gabriela, os bovinos têm mais resistência à falta de nutrientes, o que não acontece com os ovinos. “Na época da seca, até vemos vacas, por exemplo, que ficam muito magras e conseguem esperar a época do verão para engordarem. Chamamos isso de efeito sanfona. No caso dos ovinos, isso não ocorre. Eles sentem muito a falta de nutrientes, ocorrendo doenças e até mesmo a morte do animal”, afirma. O primeiro nutriente que deve ser suplementado é a proteína, pois tem impacto direto na saúde dos animais e os volumosos produzidos em São Paulo são carentes deste elemento.
As formas concentradas de proteína, como os farelos proteicos ou ureia são as mais comumente usadas, por serem de fácil comercialização e armazenamento. No mercado, há diversos tipos de suplementos formulados para atenderem às diversas necessidades da criação. A suplementação energética via volumoso ou concentrado é menos desafiadora, pois os animais suportam uma leve perda de peso, caso estejam gordos ao final da estação favorável. “Mas ao longo do tempo, será inevitável utilizar um volumoso como fonte de energia”, explica Gabriela.
Segundo a pesquisadora da APTA, os produtores se prepararam para a época da seca, mas como o período está maior este ano, pode ser que a estimativa de necessidade de alimentos seja menor do que a necessidade real a ser observada. “Só saberemos disso ao final do ano”, afirma a pesquisadora da APTA.
Gabriela explica que os produtores costumam cultivar os alimentos que serão usados no inverno. A pesquisadora, porém, dá algumas dicas para aqueles que estão com estoque em baixa. “Há duas saídas: comprar volumosos – cana e silagem – ou de feno de alguma propriedade próxima e utilizar algum coproduto regional na alimentação. Em casos extremos, de muita dificuldade, o produtor precisa vender parte do seu rebanho”, diz. No pasto, o capim só deve voltar a ter condições de ser pastejado de 40 a 50 dias após o período de chuva, que deve ter início neste mês de outubro.
Fonte: APTA