julho 27, 2024

Por que o produtor deve fazer planejamento nutricional, por Julliano Pompei

Julliano Pompei, Coordenador Técnico do Departamento de Nutrição Animal da Matsuda, fala de estratégias no campo que podem ajudar o produtor.

Julliano Pompei é produtor Rural, médico veterinário formado pela Universidade do Oeste Paulista e Mestre em Ciência Animal, pela Universidade Estadual de Londrina (PR). Atualmente é Coordenador Técnico do Departamento de Nutrição Animal da Matsuda.

A atividade pecuária exige uma atenção constante do produtor durante todo o ano, pois ela não se desenvolve de um modo nativo. Produzir bois, para o abate ou leite, exige conhecimento e muito manejo do rebanho e, com a aproximação da seca, essa atenção tem que ser redobrada. É fato que a mudança do clima não acontece em todas as regiões do País, ao mesmo tempo. No Sudeste, costuma ser em meados de maio, e vai até final de agosto, ou início de setembro. Já na região Sul, não chove desde final de dezembro de 2019, enquanto no Nordeste está chovendo, ainda, e assim por diante. Por isso, as dificuldades dos produtores, quando decidem elaborar um Planejamento Nutricional, não são poucas.

O período de seca é uma transição bem conhecida pelos pecuaristas do Brasil, o que não quer dizer que seja simples enfrentá-la, principalmente se o produtor não lançar mão das ferramentas adequadas. O importante é lembrar que nesse período as pastagens reduzem, acentuadamente, o seu crescimento, proporcionando um menor volume de pasto aos animais. Entretanto, além dessa sazonalidade na produção, o que vem, de fato, limitar o bom desempenho dos animais criados em pastos no período de seca é a própria concentração dos nutrientes.

O comum e esperado em pastagens tropicais que, com a entrada do período seco, ocorra uma queda gradativa nas concentrações de alguns nutrientes, vitais para os ruminantes, como Proteína Bruta (PB) que pode apresentar uma redução de até 50%; os Macro e Micro minerais com queda em até 80%, e também da Energia, em menor proporção, porém não menos importante de até 20%.

Se não bastasse esta perda dos valores nutricionais, como forma de “proteção” ocorre um aumento da fração fibrosa, deixando esses materiais com uma menor digestibilidade, aumentando, assim o tempo de passagem do alimento pelo trato digestório dos animais, onde se tem, como consequência, uma redução da ingestão do alimento. Não há o que ser feito para evitar essas alterações em nossos capins, uma vez que são fatores fisiológicos das plantas em países tropicais como o Brasil. Porém, é possível e desejável garantir um bom volume de pasto para os animais neste período, uma vez que a correção dos valores nutricionais, em si, é algo mais fácil de se obter.

Para garantir uma boa oferta de pasto, sabendo que o capim passará a reduzir o seu crescimento e até mesmo não crescer durante o período, o pecuarista deve reduzir a taxa de lotação de seus pastos, ainda no final do período chuvoso e, se possível, ainda realizar uma adubação de cobertura, aproveitando as últimas chuvas para obter um maior volume de capim, ou mesmo “bucha, massega”, como é chamado pelos produtores. O importante é que as pastagens tenham uma boa relação de folha/talo. Isso quer dizer ter folha, muita folha de capim reservadas para o período seco pois, sem dúvida esse será o alimento mais barato desse período.

Planejar é preciso

Sabemos que no Brasil apenas 50% dos produtores se preparam para a chegada da seca, daí a importância das empresas fabricantes de suplementos minerais se dedicarem não somente ao aprimoramento da qualidade do produto, mas também à prestação de serviços, pré e pós-vendas, orientando os pecuaristas antes de adquirí-los, bem como depois, para fornecê-los corretamente aos seus rebanhos.  Mas como elaborar esse Planejamento?

Antes de mais nada, o pecuarista precisa ter os números da propriedade nas mãos. Não é difícil elaborá-los, desde que ele saiba onde está, o que tem para fazer e para onde precisa ir. A Nutrição Animal segue os mesmos princípios há décadas e o que se deve  fazer é respeitar a fisiologia dos animais, fornecendo-lhes o que sua genética exige, o que nem mesmo as melhores forragens conseguem. Lembrando que os produtores precisam ficar atentos  às adversidades climáticas pois, no Brasil, existem “diversos continentes” com climas variados, o que  afeta diretamente a qualidade do que os animais irão ingerir. Essas dificuldades podem ser transpostas com uma boa Suplementação, seja apenas Mineral, ou Mineral Proteica, e/ou Mineral Proteica Energética ao longo do ano.

Em todas as divisões animais, seja no corte ou no leite, têm-se como objetivo o ajuste fino da nutrição.  Durante o período de seca não poderia ser diferente, afim de se evitar o chamado boi sanfona que reduz os lucros da pecuária. Lembrando, por fim, que na época da seca a deficiência mineral nas pastagens se acentua, mas o grande fator nutricional limitante é o nitrogênio, quando a atividade da microbiota ruminal cai sensivelmente, pois não há o mínimo necessário de nutrientes para estimular o crescimento dos microrganismos ruminais. É a suplementação correta  que fornece proteína, energia e os minerais fundamentais para favorecer a multiplicação da microbiota ruminal.

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